Freud já sabia.
Freud já sabia.

Freud já sabia

          É muito comum encontrarmos pessoas alegando falta de memória ou “memória fraca”, esquecimento total ou parcial de certos assuntos, vivendo ansiosas para que tal fato não permaneça. Outras querendo saber qual é o processo físico que leva o indivíduo a esquecer experiências traumáticas, como os detalhes de um acidente, de uma briga ou de uma morte. Buscam todas as fontes de recursos de maneira, às vezes, errônea.

          Várias coisas, boas e ruins, que passam na vida de uma pessoa pode ficar no esquecimento, mas não por completo. O  que estava pela superfície da memória é arquivado numa camada mais profunda da mente. Ou seja, as lembranças continuam a existir de forma latente. Em muitos casos, transformam-se em fontes de angústia. 

          Sigmund Freud, o pai da psicanálise, disse que o nosso inconsciente é um tumultuoso oceano subterrâneo, onde ficam reprimidos, muito mais do que lembranças traumáticas, os desejos inconfessáveis que atormentam uma existência na forma de neuroses. Aquilo que jaz no inconsciente só vem à tona por meio de simbolismos expressos pelos sonhos e por lapsos cotidianos.

          O trabalho do psicanalista é justamente ajudar a conferir um sentido a esse material psíquico, para que o paciente possa tomar consciência do que o perturba e, desse modo, livrar-se de seus sintomas. Esse trabalho costuma ser longo e não há garantia de que venha a dar resultados. É preciso decifrar o processo pelo qual o cérebro arquiva a memória de eventos indesejáveis para poder abrir caminho para o tratamento de alguns tipos de fobias e do stress pós traumático.

          É com bastante alegria que vejo um estudo publicado na revista científica americana Science tentando dar uma resposta a essa questão que intriga neurologistas. Segundo a revista, pesquisadores das universidades Stanford e do Oregon constataram que, para impedir que registros indesejáveis permaneçam na superfície da memória, há uma diminuição na atividade do hipocampo, uma das regiões envolvidas no processo de lembrança de fatos passados. O estudo, segundo os pesquisadores, só foi possível graças a uma invenção recente: o exame de ressonância magnética funcional, capaz de flagrar o cérebro em plena atividade.

          Freud já sabia que se a química do inconsciente for desvendada, tudo se tornará mais fácil. Os cientistas, tornando claras as suas pesquisas, comprovam que o trabalho elaborado pelo psicanalista está no caminho certo.

 Cleisson Nunes Barbosa